Sereia: diferenças entre revisões

Fonte: Lexicomarinho
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[[File:Mermaid speaks to European men.jpg|thumb|right|frame| <small> Sereia conversa com um homem europeu. Pieter van der Aa, 1707. ''Naaukeurige versameling der gedenk-waardigste zee en land-reysen na Oost en West-Indiën zedert het jaar 1524 tot 1526.'' In het ligt gegeven te Leyden, Pieter van der Aa, boekverkoper in de St. Pieters Koorsteeg. https://jcb.lunaimaging.com/luna/servlet/s/52a4dv </small>]]


'''''sereia''''' • É uma criatura marinha feminina híbrida, com um corpo humano e uma parte do corpo em forma de peixe ou animal marinho (o masculino é o [[Tritão|tritão]]). Sereias, tritões e uma panóplia de criaturas marinhas surgem diversas tradições folclóricas, mitos e lendas, histórias orais, e mesmo religiões em todas as regiões do globo. A sereia, nas suas múltiplas interpretações, é comum a quase todas as culturas marítimas. Para Portugal, José Leite Vasconcellos na sua Entografia Portuguesa (1980), refere-se à sereia como um animal que nada no mar e imita as pessoas. O seu mais antigo ancestral, parece ser o deus Sumério Ea, o deus da água, do sol e da fertilidade. Este era um deus da água, que vinha a terra durante o dia e que depois regressava ao mar, sendo assim representado como metade homem e metade peixe. Pode também ser associada à deusa Tiamat da Mesopotâmia e ao deus Apsu que representavam, respetivamente, a água salgada e agitada e a água doce e calma. O deus da sabedoria Enki, o qual surge na sequência da morte de Apsu, e os servos de Enki, os apkallu, também controlam as águas. Existe ainda Targatis, uma deusa sírio-palestiniana, representada como sereia com uma cauda de peixe.
Estes mitos de criação e de controlo dos elementos naturais, são recebidos e apropriados na Antiguidade Clássica, revertendo para a construção simbólica de ninfas, divindades, deusas e semideusas das águas Gregas e Romanas. São ainda reapropriadas por tradições e narrativas da Europa Medieval e Moderna. A este percurso simbólico, juntam-se também as culturas do Norte da Europa e a Céltica, nas quais diversas mulheres do mar assumem igualmente uma aparência e existência híbrida entre o mar e a terra, e entre a realidade e a divindade. Assim, temos as sereias na forma e essência que ainda hoje reconhecemos na cultura popular espalhada um pouco por todo o mundo, desde os contos infantis, a pintura e o cinema.  Considerando as suas diferentes origens, as sereias podem ter aparência, modos de vida e significados diferentes em diferentes países e culturas europeias.
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* [https://www.youtube.com/watch?v=6a5K0lFvTxk&list=PLegtL4W3lr3MaUch1NHqyJRIgJJ2dF9PF&index=4&t=27s Vídeo] 'Mermaids and Manatees', CHAM-Centre for the Humanities
* [https://www.youtube.com/watch?v=eXgO3Hr7GXA&list=PLegtL4W3lr3MaUch1NHqyJRIgJJ2dF9PF&index=7&t=6s Communication] Rosa, M.F. & Brito, C. 'Hybrid Beings and Aquatic Mammals in the Greco-Roman Accounts'
* Brito, C. 2016. New Science From Old News: Sea monsters in the early modern Portuguese production and transfer of knowledge about the natural world. ''Scientia et Historia, Escola de Mar'' nº 1. ISBN: 978-989-9931-11-4
* Brito, C. 2019. Fantasy, Cryptozoology and/or Reality: Interconnected stories of mythological creatures and marine mammals. In: Mário S. Ming Kong. Maria do Rosário Monteiro & Maria João P. Neto (Eds) PHI: Intelligence, Creativity and Fantasy. CRC Press, Taylor & Francis Group, Boca Raton, London, New York, Leiden: 335-351.
* Hendrikx, S. 2018. Monstrosities from the Sea. Taxonomy and tradition in Conrad Gessner’s (1516-1565) discussion of cetaceans and sea-monsters, in Jacquemard, C., B. Gauvin, M.-A. Lucas-Avenel, B. Clavel & T. Buqet (éds), Animaux aquatiques et monstres des mers septentrionales (imaginer, connaître, exploiter, de l’Antiquité à 1600). ''Anthropozoologica'' 53 (11): 125-137. https://doi.org/10.5252/anthropozoologica2018v53a11 url:https://sciencepress.mnhn.fr/en/periodiques/anthropozoologica/53/11
* Leclercq-Marx, J. 2018. Entre tradition classique et imaginaire germano-celtique: les monstres anthropomorphes des mers septentrionales, au Moyen Âge et au début de l’époque moderne, in Jacquemard C., Gauvin B., Lucas-Avenel M.-A., Clavel B. & Buquet T. (éds), Animaux aquatiques et monstres des mers septentrionales (imaginer, connaître, exploiter, de l’Antiquité à 1600). ''Anthropozoologica'' 53 (3): 53-65. https://doi.org/10.5252/anthropozoologica2018v53a3 url:https://sciencepress.mnhn.fr/en/periodiques/anthropozoologica/53/3
* Pedersen, T.E. 2016. ''Mermaids and the production of knowledge in early modern England''. London and New York, Routledge.
* Freitas, A.M. 2005. ''B.I. da Sereia''. Coleção Bilhetes de Identidade, 13. Lisboa, Apenas Livros, Lda.
* Sax, B. 2000. The mermaid and her sisters: From archaic goddess to consumer society. ''ISLE: Interdisciplinary Studies in Literature and Environment'', 7(2): 43-54.
 
 
 
[[en:Mermaid]]
[[no:Havfrue]]
[[Category:Criatura]]

Edição atual desde as 17h28min de 28 de maio de 2021

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Sereia e Tritão na Cosmographia de Sebastian Münster, 1578.
Sereia conversa com um homem europeu. Pieter van der Aa, 1707. Naaukeurige versameling der gedenk-waardigste zee en land-reysen na Oost en West-Indiën zedert het jaar 1524 tot 1526. In het ligt gegeven te Leyden, Pieter van der Aa, boekverkoper in de St. Pieters Koorsteeg. https://jcb.lunaimaging.com/luna/servlet/s/52a4dv

sereia • É uma criatura marinha feminina híbrida, com um corpo humano e uma parte do corpo em forma de peixe ou animal marinho (o masculino é o tritão). Sereias, tritões e uma panóplia de criaturas marinhas surgem diversas tradições folclóricas, mitos e lendas, histórias orais, e mesmo religiões em todas as regiões do globo. A sereia, nas suas múltiplas interpretações, é comum a quase todas as culturas marítimas. Para Portugal, José Leite Vasconcellos na sua Entografia Portuguesa (1980), refere-se à sereia como um animal que nada no mar e imita as pessoas. O seu mais antigo ancestral, parece ser o deus Sumério Ea, o deus da água, do sol e da fertilidade. Este era um deus da água, que vinha a terra durante o dia e que depois regressava ao mar, sendo assim representado como metade homem e metade peixe. Pode também ser associada à deusa Tiamat da Mesopotâmia e ao deus Apsu que representavam, respetivamente, a água salgada e agitada e a água doce e calma. O deus da sabedoria Enki, o qual surge na sequência da morte de Apsu, e os servos de Enki, os apkallu, também controlam as águas. Existe ainda Targatis, uma deusa sírio-palestiniana, representada como sereia com uma cauda de peixe. Estes mitos de criação e de controlo dos elementos naturais, são recebidos e apropriados na Antiguidade Clássica, revertendo para a construção simbólica de ninfas, divindades, deusas e semideusas das águas Gregas e Romanas. São ainda reapropriadas por tradições e narrativas da Europa Medieval e Moderna. A este percurso simbólico, juntam-se também as culturas do Norte da Europa e a Céltica, nas quais diversas mulheres do mar assumem igualmente uma aparência e existência híbrida entre o mar e a terra, e entre a realidade e a divindade. Assim, temos as sereias na forma e essência que ainda hoje reconhecemos na cultura popular espalhada um pouco por todo o mundo, desde os contos infantis, a pintura e o cinema. Considerando as suas diferentes origens, as sereias podem ter aparência, modos de vida e significados diferentes em diferentes países e culturas europeias.

Português
Sereia (pronunciação); Serena (pronunciação)
Inglês
Mermaid (pronunciação); Siren (pronunciação)
Norueguês
Havfrue
Holandês
Zeemeermin; Meermin
Alemão
Meerjungfrau; Seejungfrau; Nixe; Fischweib
Francês
Sirène
Espanhol
Sirena
Catalão
Sirena
Italiano
Sirena
Grego
Σειρήνα; γοργόνα
Crioulo
Muala de fundo (STP); Ôkôsô (encantada de baixo d'awua) (STP)

Referências

  • Vídeo 'Mermaids and Manatees', CHAM-Centre for the Humanities
  • Communication Rosa, M.F. & Brito, C. 'Hybrid Beings and Aquatic Mammals in the Greco-Roman Accounts'
  • Brito, C. 2016. New Science From Old News: Sea monsters in the early modern Portuguese production and transfer of knowledge about the natural world. Scientia et Historia, Escola de Mar nº 1. ISBN: 978-989-9931-11-4
  • Brito, C. 2019. Fantasy, Cryptozoology and/or Reality: Interconnected stories of mythological creatures and marine mammals. In: Mário S. Ming Kong. Maria do Rosário Monteiro & Maria João P. Neto (Eds) PHI: Intelligence, Creativity and Fantasy. CRC Press, Taylor & Francis Group, Boca Raton, London, New York, Leiden: 335-351.
  • Hendrikx, S. 2018. Monstrosities from the Sea. Taxonomy and tradition in Conrad Gessner’s (1516-1565) discussion of cetaceans and sea-monsters, in Jacquemard, C., B. Gauvin, M.-A. Lucas-Avenel, B. Clavel & T. Buqet (éds), Animaux aquatiques et monstres des mers septentrionales (imaginer, connaître, exploiter, de l’Antiquité à 1600). Anthropozoologica 53 (11): 125-137. https://doi.org/10.5252/anthropozoologica2018v53a11 url:https://sciencepress.mnhn.fr/en/periodiques/anthropozoologica/53/11
  • Leclercq-Marx, J. 2018. Entre tradition classique et imaginaire germano-celtique: les monstres anthropomorphes des mers septentrionales, au Moyen Âge et au début de l’époque moderne, in Jacquemard C., Gauvin B., Lucas-Avenel M.-A., Clavel B. & Buquet T. (éds), Animaux aquatiques et monstres des mers septentrionales (imaginer, connaître, exploiter, de l’Antiquité à 1600). Anthropozoologica 53 (3): 53-65. https://doi.org/10.5252/anthropozoologica2018v53a3 url:https://sciencepress.mnhn.fr/en/periodiques/anthropozoologica/53/3
  • Pedersen, T.E. 2016. Mermaids and the production of knowledge in early modern England. London and New York, Routledge.
  • Freitas, A.M. 2005. B.I. da Sereia. Coleção Bilhetes de Identidade, 13. Lisboa, Apenas Livros, Lda.
  • Sax, B. 2000. The mermaid and her sisters: From archaic goddess to consumer society. ISLE: Interdisciplinary Studies in Literature and Environment, 7(2): 43-54.