Sereia: diferenças entre revisões

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[[File:Mermaid speaks to European men.jpg|thumb|right|frame| <small> Sereia conversa com um homem europeu. Pieter van der Aa, 1707. ''Naaukeurige versameling der gedenk-waardigste zee en land-reysen na Oost en West-Indiën zedert het jaar 1524 tot 1526.'' In het ligt gegeven te Leyden, Pieter van der Aa, boekverkoper in de St. Pieters Koorsteeg. https://jcb.lunaimaging.com/luna/servlet/s/52a4dv </small>]]


'''sereia''' • Female creature with a fish tail and human body (male counterpart: [[Tritão|tritão]]). Merpeople feature in numerous legends, stories, and even religions.[[File:Mermaid-and-Merman-Sebastian-Munster-Cosmographia-1578.jpg|thumb|right|frame| Mermaid and Merman in Cosmographia by Sebastian Münster, 1578]] One of the earliest representatives is probably the Sumerian god Ea. Ea was a.o. the god of water, light, and fertility. During the day, Ea came on land, come night fall, he would retreat back to sea. He was thus depicted as part fish, or as a human with fish swimming up to him.<ref>Sliggers, B., 1977. ''Meerminnen en meermannen, van Duinkerke tot Sylt.'' Krusemans's Uitgeversmaatschappij B.V., Den Haag.</ref> Greek mythology, too, is rich in references to merpeople (e.g. Triton). Plinius mentions mermaids and mermen in his ''Historia Naturalis'', influencing literature until medieval times. After disappearing from scientific literature, merpeople continued to play a role in folk tales and myths. In the 19<sup>th</sup> century, authors like J. Grimm and W. Grimm in Germany, H.C. Andersen in Denmark, and P.C. Asbjørnsen and J. Moe in Norway started collecting and recording fairy tales. While H.C. Andersen's "lille havfrue" is probably the most famous mermaid, merpeople are common along the entire Atlantic coast. Their appearance and size can vary from country to country, and from region to region. <br />
'''''sereia''''' • É uma criatura marinha feminina híbrida, com um corpo humano e uma parte do corpo em forma de peixe ou animal marinho (o masculino é o [[Tritão|tritão]]). Sereias, tritões e uma panóplia de criaturas marinhas surgem diversas tradições folclóricas, mitos e lendas, histórias orais, e mesmo religiões em todas as regiões do globo. A sereia, nas suas múltiplas interpretações, é comum a quase todas as culturas marítimas. Para Portugal, José Leite Vasconcellos na sua Entografia Portuguesa (1980), refere-se à sereia como um animal que nada no mar e imita as pessoas. O seu mais antigo ancestral, parece ser o deus Sumério Ea, o deus da água, do sol e da fertilidade. Este era um deus da água, que vinha a terra durante o dia e que depois regressava ao mar, sendo assim representado como metade homem e metade peixe. Pode também ser associada à deusa Tiamat da Mesopotâmia e ao deus Apsu que representavam, respetivamente, a água salgada e agitada e a água doce e calma. O deus da sabedoria Enki, o qual surge na sequência da morte de Apsu, e os servos de Enki, os apkallu, também controlam as águas. Existe ainda Targatis, uma deusa sírio-palestiniana, representada como sereia com uma cauda de peixe.
Estes mitos de criação e de controlo dos elementos naturais, são recebidos e apropriados na Antiguidade Clássica, revertendo para a construção simbólica de ninfas, divindades, deusas e semideusas das águas Gregas e Romanas. São ainda reapropriadas por tradições e narrativas da Europa Medieval e Moderna. A este percurso simbólico, juntam-se também as culturas do Norte da Europa e a Céltica, nas quais diversas mulheres do mar assumem igualmente uma aparência e existência híbrida entre o mar e a terra, e entre a realidade e a divindade. Assim, temos as sereias na forma e essência que ainda hoje reconhecemos na cultura popular espalhada um pouco por todo o mundo, desde os contos infantis, a pintura e o cinema. Considerando as suas diferentes origens, as sereias podem ter aparência, modos de vida e significados diferentes em diferentes países e culturas europeias.
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* [https://www.youtube.com/watch?v=6a5K0lFvTxk&list=PLegtL4W3lr3MaUch1NHqyJRIgJJ2dF9PF&index=4&t=27s Vídeo] 'Mermaids and Manatees', CHAM-Centre for the Humanities
* [https://www.youtube.com/watch?v=eXgO3Hr7GXA&list=PLegtL4W3lr3MaUch1NHqyJRIgJJ2dF9PF&index=7&t=6s Communication] Rosa, M.F. & Brito, C. 'Hybrid Beings and Aquatic Mammals in the Greco-Roman Accounts'
* Brito, C. 2016. New Science From Old News: Sea monsters in the early modern Portuguese production and transfer of knowledge about the natural world. ''Scientia et Historia, Escola de Mar'' nº 1. ISBN: 978-989-9931-11-4
* Brito, C. 2019. Fantasy, Cryptozoology and/or Reality: Interconnected stories of mythological creatures and marine mammals. In: Mário S. Ming Kong. Maria do Rosário Monteiro & Maria João P. Neto (Eds) PHI: Intelligence, Creativity and Fantasy. CRC Press, Taylor & Francis Group, Boca Raton, London, New York, Leiden: 335-351.
* Hendrikx, S. 2018. Monstrosities from the Sea. Taxonomy and tradition in Conrad Gessner’s (1516-1565) discussion of cetaceans and sea-monsters, in Jacquemard, C., B. Gauvin, M.-A. Lucas-Avenel, B. Clavel & T. Buqet (éds), Animaux aquatiques et monstres des mers septentrionales (imaginer, connaître, exploiter, de l’Antiquité à 1600). ''Anthropozoologica'' 53 (11): 125-137. https://doi.org/10.5252/anthropozoologica2018v53a11 url:https://sciencepress.mnhn.fr/en/periodiques/anthropozoologica/53/11
* Leclercq-Marx, J. 2018. Entre tradition classique et imaginaire germano-celtique: les monstres anthropomorphes des mers septentrionales, au Moyen Âge et au début de l’époque moderne, in Jacquemard C., Gauvin B., Lucas-Avenel M.-A., Clavel B. & Buquet T. (éds), Animaux aquatiques et monstres des mers septentrionales (imaginer, connaître, exploiter, de l’Antiquité à 1600). ''Anthropozoologica'' 53 (3): 53-65. https://doi.org/10.5252/anthropozoologica2018v53a3 url:https://sciencepress.mnhn.fr/en/periodiques/anthropozoologica/53/3
* Pedersen, T.E. 2016. ''Mermaids and the production of knowledge in early modern England''. London and New York, Routledge.
* Freitas, A.M. 2005. ''B.I. da Sereia''. Coleção Bilhetes de Identidade, 13. Lisboa, Apenas Livros, Lda.
* Sax, B. 2000. The mermaid and her sisters: From archaic goddess to consumer society. ''ISLE: Interdisciplinary Studies in Literature and Environment'', 7(2): 43-54.


==References==




[[en:Mermaid]]
[[en:Mermaid]]
[[no:Havfrue]]
[[no:Havfrue]]
[[Category:Criatura]]

Edição atual desde as 17h28min de 28 de maio de 2021

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Sereia e Tritão na Cosmographia de Sebastian Münster, 1578.
Sereia conversa com um homem europeu. Pieter van der Aa, 1707. Naaukeurige versameling der gedenk-waardigste zee en land-reysen na Oost en West-Indiën zedert het jaar 1524 tot 1526. In het ligt gegeven te Leyden, Pieter van der Aa, boekverkoper in de St. Pieters Koorsteeg. https://jcb.lunaimaging.com/luna/servlet/s/52a4dv

sereia • É uma criatura marinha feminina híbrida, com um corpo humano e uma parte do corpo em forma de peixe ou animal marinho (o masculino é o tritão). Sereias, tritões e uma panóplia de criaturas marinhas surgem diversas tradições folclóricas, mitos e lendas, histórias orais, e mesmo religiões em todas as regiões do globo. A sereia, nas suas múltiplas interpretações, é comum a quase todas as culturas marítimas. Para Portugal, José Leite Vasconcellos na sua Entografia Portuguesa (1980), refere-se à sereia como um animal que nada no mar e imita as pessoas. O seu mais antigo ancestral, parece ser o deus Sumério Ea, o deus da água, do sol e da fertilidade. Este era um deus da água, que vinha a terra durante o dia e que depois regressava ao mar, sendo assim representado como metade homem e metade peixe. Pode também ser associada à deusa Tiamat da Mesopotâmia e ao deus Apsu que representavam, respetivamente, a água salgada e agitada e a água doce e calma. O deus da sabedoria Enki, o qual surge na sequência da morte de Apsu, e os servos de Enki, os apkallu, também controlam as águas. Existe ainda Targatis, uma deusa sírio-palestiniana, representada como sereia com uma cauda de peixe. Estes mitos de criação e de controlo dos elementos naturais, são recebidos e apropriados na Antiguidade Clássica, revertendo para a construção simbólica de ninfas, divindades, deusas e semideusas das águas Gregas e Romanas. São ainda reapropriadas por tradições e narrativas da Europa Medieval e Moderna. A este percurso simbólico, juntam-se também as culturas do Norte da Europa e a Céltica, nas quais diversas mulheres do mar assumem igualmente uma aparência e existência híbrida entre o mar e a terra, e entre a realidade e a divindade. Assim, temos as sereias na forma e essência que ainda hoje reconhecemos na cultura popular espalhada um pouco por todo o mundo, desde os contos infantis, a pintura e o cinema. Considerando as suas diferentes origens, as sereias podem ter aparência, modos de vida e significados diferentes em diferentes países e culturas europeias.

Português
Sereia (pronunciação); Serena (pronunciação)
Inglês
Mermaid (pronunciação); Siren (pronunciação)
Norueguês
Havfrue
Holandês
Zeemeermin; Meermin
Alemão
Meerjungfrau; Seejungfrau; Nixe; Fischweib
Francês
Sirène
Espanhol
Sirena
Catalão
Sirena
Italiano
Sirena
Grego
Σειρήνα; γοργόνα
Crioulo
Muala de fundo (STP); Ôkôsô (encantada de baixo d'awua) (STP)

Referências

  • Vídeo 'Mermaids and Manatees', CHAM-Centre for the Humanities
  • Communication Rosa, M.F. & Brito, C. 'Hybrid Beings and Aquatic Mammals in the Greco-Roman Accounts'
  • Brito, C. 2016. New Science From Old News: Sea monsters in the early modern Portuguese production and transfer of knowledge about the natural world. Scientia et Historia, Escola de Mar nº 1. ISBN: 978-989-9931-11-4
  • Brito, C. 2019. Fantasy, Cryptozoology and/or Reality: Interconnected stories of mythological creatures and marine mammals. In: Mário S. Ming Kong. Maria do Rosário Monteiro & Maria João P. Neto (Eds) PHI: Intelligence, Creativity and Fantasy. CRC Press, Taylor & Francis Group, Boca Raton, London, New York, Leiden: 335-351.
  • Hendrikx, S. 2018. Monstrosities from the Sea. Taxonomy and tradition in Conrad Gessner’s (1516-1565) discussion of cetaceans and sea-monsters, in Jacquemard, C., B. Gauvin, M.-A. Lucas-Avenel, B. Clavel & T. Buqet (éds), Animaux aquatiques et monstres des mers septentrionales (imaginer, connaître, exploiter, de l’Antiquité à 1600). Anthropozoologica 53 (11): 125-137. https://doi.org/10.5252/anthropozoologica2018v53a11 url:https://sciencepress.mnhn.fr/en/periodiques/anthropozoologica/53/11
  • Leclercq-Marx, J. 2018. Entre tradition classique et imaginaire germano-celtique: les monstres anthropomorphes des mers septentrionales, au Moyen Âge et au début de l’époque moderne, in Jacquemard C., Gauvin B., Lucas-Avenel M.-A., Clavel B. & Buquet T. (éds), Animaux aquatiques et monstres des mers septentrionales (imaginer, connaître, exploiter, de l’Antiquité à 1600). Anthropozoologica 53 (3): 53-65. https://doi.org/10.5252/anthropozoologica2018v53a3 url:https://sciencepress.mnhn.fr/en/periodiques/anthropozoologica/53/3
  • Pedersen, T.E. 2016. Mermaids and the production of knowledge in early modern England. London and New York, Routledge.
  • Freitas, A.M. 2005. B.I. da Sereia. Coleção Bilhetes de Identidade, 13. Lisboa, Apenas Livros, Lda.
  • Sax, B. 2000. The mermaid and her sisters: From archaic goddess to consumer society. ISLE: Interdisciplinary Studies in Literature and Environment, 7(2): 43-54.